domingo, junho 8

Grades da prisão

Quatro paredes brancas, uns móveis que nem são meus, uma tv ligada de madrugada num programa estranho qualquer, só som de fundo pra solidão. O barulho de carros não para e nem o som distante de uma balada vazia qualquer. Um monte de coisa fora do lugar. Minha liberdade limitada. Tenho asas e não sei voar, não posso.

Eu queria sair, sumir, fugir... e consegui. Queria pertencer a qualquer lugar... e pertenço. Mas que ironia não?! Eu achava que a prisão era ligada ao lugar. Eu queria fugir da minha prisão sem céu azul. O lugar é o menor dos problemas. O “estar” é que te prende.

Eu saí, mas não sei pra onde. Eu sumi, mas não sei me esconder. Eu fugi, mas continuei presa. Hoje tenho um céu azul, uma identidade, uma independência e uma rotina. Que droga! Eu tenho uma rotina!

No meio da minha busca por ser quem quer que seja, me perdi de mim e não sei mais onde me encontrar. Sou qualquer pessoa menos quem eu quero ser. Sou pedaço de caminho que vive sem ter. Me tornei mulher sem nunca ter sido menina.

E eu achava que seria melhor, eu achava que eu ia ser livre. Quer dizer, eu sou livre mas não sei o que fazer com a minha liberdade. Ainda sou pequena como a minha cidade.

Só agora eu entendo que sou eu quem me limito, que sou eu a grade da minha prisão e que eu não conseguirei sair daqui. A minha limitação só mudou de lugar e de cor e é disfarçada de “vida normal”. 

Eu me tornei tudo que eu queria ser, mas que não quero mais.


Aurora

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