Pequena demais na imensidão das galáxias

Ele me chamou pra ver o sol se por e emendar com o sol nascer, num mirante qualquer de uma estrada sem fim. Ele me chamou, e eu fui.

Nós já estávamos a mais de uma hora sorrindo e conversando sobre nada e sobre tudo e sentíamos como se estivéssemos sozinhos no mundo. Ele Adão, e eu Eva. Sem toda aquela história de paraíso, cobra ou pecado. Só um homem e uma mulher.

E o sol aos poucos foi se escondendo, e os raios refletindo nas nuvens, e as estrelas, a lua... e de novo o sol, reaparecendo, lindo, como uma miragem.

Nós não fechamos os olhos e ele me observou a noite inteira. Quando amanheceu, veio me perguntar:

- Gostou da noite?
- O quê?! Foi perfeita!
- Não sei se foi o reflexo da lua, mas eu vi o brilho no seu olhar.
- Você me conhece, eu sou louca com o céu.
- Por isso te trouxe aqui. Mesmo sem entender.
- Entender o quê?
- Essa loucura.
- Nem eu entendo, mas sei lá... Acho que é toda essa grandeza, esses mistérios, essa imensidão. Tudo que é difícil de descobrir me encanta. E olhar pro céu me faz me sentir mais humana. Eu tomo consciência do meu tamanho no universo. Sou poeira do espaço. Eu e você. Mas a gente sempre se esquece disso, todo mundo esquece que é a terra é só um ponto azul. E, comparado a isto, nós não somos nada. Mas ainda assim, nos sentimos parte de tudo. (...) Me desculpa, eu já nem sei mais o que to falando. Mas acho que é isso. Eu sou louca com todo esse infinito do universo, me faz sentir parte de alguma coisa.
- Isto é contraditório se você for pensar. Não ser nada e ser alguma coisa.
- É, eu sei. Mas faz parte do efeito de se conhecer o infinito.
- E o seu infinito é o céu?
- Depende. Às vezes, sim.
- E as outras vezes?
- É você.
- Engraçado.
- O que?
- É que eu só me sinto parte de alguma coisa quando estou com você.
- Então eu acho que eu sou o seu infinito.
- Depende. Às vezes, sim.
- E as outras vezes?
- O céu.
- Ue, já ficou louco com o universo também?
- Não. Só estou louco com você.


To com saudade de você astronauta.
Que seja apenas o começo desta infinidade!